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05 setembro 2008

O IPÊ AMIGO




Amigo é coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito". Essa é umas das frases mais conhecidas quando queremos expressar o significado de uma amizade.

Atualmente fiquei sabendo por intermédio da namorada de um dos meus filhos, que no dia 20 de julho é celebrado o Dia do Amigo.

Este comentário surgiu porque ela estava com plano de reunir as amigas. Algumas estavam distantes, outras mais próximas, mas todas amigas. Não sei se ela conseguiu reuni-las, mas penso que essa vontade surgiu de um momento no coração dela que chamamos de “saudade”.

De acordo com o Dicionário Aurélio, saudade significa: lembrança melancólica, e ao mesmo tempo suave, de pessoa(s) ou coisa(s) distante(s) ou extinta(s).

Neste dia, lembrei-me de um texto que havia recebido um tempinho atrás. Fiquei ansiosa para chegar em casa e procurar esse texto que expressava tudo o que penso e sinto em relação a amizade.

Queridos, imaginem o que é procurar, revirar, tirar a papelada do lugar, jogar tudo para o lado e não encontrar. Pensei que eu havia perdido ou provavelmente jogado fora em uma das minhas faxinas ou mudanças (que não foram poucas). Esperava encontrar aquela folha que antes era branca e muito provável hoje estaria com as folhas amareladas devido o tempo. Continuei a procura do “tesouro perdido” e para minha felicidade encontrei.

Realmente estava amarela, um pouco amassada, com alguns riscos e rabiscos, tudo isso devido o tempo. Mas quando comecei a ler, a essência das palavras era algo tão novo, como se tivesse saído da fábrica das emoções naquele momento. Me deliciei com o jogo das palavras, da forma como o autor expressa o valor dos amigos e em questão de minutos passou pela minha memória os amigos que tenho.

Prefiro falar dos amigos que tenho e não como alguns dizem ”dos amigos que eu tive”. Até porque os amigos a gente nunca perde, nem com o passar dos anos e muito menos com a distância porque o amigo, marca sua presença na memória.
É assim o ipê. Sua presença na paisagem se destaca entre as demais vegetações. Suas folhas amarelas é como o ouro que reluz de longe o seu brilho. Seu tronco é forte e resistente.

A todos os meus amigos quero lhes dizer que vocês são tão preciosos como o ipê, que mesmo florescendo uma vez no ano, se destacam em meio a vegetação. Lembrei-me agora que recentemente voltando de Caldas Novas, na estrada avistamos um ipê todo florido. Meu esposo automaticamente falou: fotografa, fotografa. Mais do que depressa, peguei o telefone e fotografei. Gente é lindo demais! Hoje esta imagem está na tela de meu celular, cada vez que olho para ela fico encantada por Deus nos proporcionar momentos simples como este e rico em experiências.

Deixo para vocês o texto O IPÊ AMIGO. Não deixem de ler.
A todos os meus amigos de Goiânia, amigos de Brasília, a minha família que amo demais, um forte abraço.
O IPÊ AMIGO

Amigos contam-se nos dedos.
Da mão.
Direita.

Cultive a amizade. Ela dura sempre. Os aplausos da platéia vão se arrefecendo na medida em que passam os anos moços. O som das palmas vai se aninhando nas dobras das rugas e os elogios fáceis começam a rarear, quando os anos: se tornam muito freqüentes. Os convites para tudo vão se ocultar sob a pilha dos esquecimentos.

A amizade dura sempre. Ela não tropeça na maturidade. O tempo torna-se mais consistente e é o melhor teste da amizade. Ela dá sentido às formalidades e sem ela as formalidades são nada.

De que adianta ser pai e não ser amigo? De que vale a união conjugal sem a amizade?

Quando Cristo quis privilegiar os discípulos, chamou-os de amigos. Foi o melhor título que usou para lhes significar quanto lhe eram: caros.

É como um amigo que o ipê chega a cada ano. É um símbolo valioso da amizade. Ela não falta. Ele é pontual. Não chega antes e nem depois. Chega na hora certa. Como o amigo.

Não há florestas de ipês. Há ipês nas florestas. Um aqui, outro lá. Como não há multidão de amigos. Há amigos na multidão. Raros. Consistentes. Mas, poucos.

O ipê marca sua presença na paisagem, como o amigo marca sua presença na memória. O olhar espraia-se na distância e o amarelo esparso prende sua atenção. No espaço vasto do memória os amigos são lembrados com nitidez, em contraste com a multidão dos conhecidos.

No ipê, a flor é frágil e passageira. O tronco é sólido e resistente. O tronco é a alma. A flor é a palavra. No amigo, mais que na palavra, é na alma que se apóia o coração que busca. Mais importante que aquilo que diz é aquilo que é.

O ipê fala pouco. Dá o seu recado é se esconde no silêncio, para voltar na hora oportuna. Falasse o ano todo, não seria tão expressivo. Como o amigo que não é falastrão. Sua palavra é tesouro e não se desperdiça na sonoridade vazia.

O ipê chame atenção, mas não se exibe. Cumprida sua tarefa, ele se perde na vegetação que o cerca. Com humildade e discrição. É assim, o amigo. Presente na hora exata, não alardeia a amizade que oferece. A amizade é uma sintonia do espírito. Não é um cartão colado na testa, nem um rótulo fixado no exterior.

O ipê nada pede, nasce espontâneo e não fica a exigir cuidados.

Como o amigo, que não é interesseiro. Porque o amigo que se move em troca de favores não é amigo. O amigo nunca deve e nunca cobra. Ele apenas é. E nisso está a sua característica.

É generoso o ipê. Depois que encantou a tantos com o seu colorido, devolve logo suas flores à terra, da qual as recebeu, cobrindo-a de um tapete amarelo vivo, da mesma cor de coroa de ouro com que a natureza o enriqueceu.

O amigo não se deixa vencer em generosidade. A prestatividade e a solicitude são para ele como o respirar. Brotam do seu ser com a naturalidade que nunca parece exigir esforço, nem aguardar retribuição.

Entre tantas lições que nos dá o ipê, esta, a da amizade, é das mais preciosas. Não é rico, porque não têm frutos. Consegue ser amado por aquilo que é e não por aquilo que tem.

Ele vem dizer, todos os anos, que à amizade é um tesouro. Como o ouro da coroa que o reveste.

O mês de agosto, em que o ipê retorna, é o mês que me lembra o melhor amigo que tive: meu pai. Que me habituou a valorizar as coisas sólidas e consistentes, perenes com as quais se pode contar. Que a traça não corrói e a ferrugem não desgasta. Que começam na terra e passam para a eternidade.

Cultive a amizade. Ela dura para sempre. Os aplausos fugazes morrem e os elogios vazios desaparecem. A amizade é forte como o tronco do ipê. É como a vida que não desiste. É o suporte de todas as outras coisas. E dá valor a todas elas.

Pe.José Zecchin Dezembro/1999


2 comentários:

O Eremita Urbano... disse...

Parabéns!
Não sabia que tinha uma mãe poeta!
Blogar é coisa para poucos. A maioria desiste da deliciosa tarefa de escrever...
Aprendi nestes 3 anos de blog, que perseverança é fundamental!
Continue, nunca pare!
Resita como o ipê do poste!
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Sandra disse...

Filho amado!
Poeta é bondade sua.
Se hoje tenho esse blog, devo unicamente a você, que me incentivou.
Te amo!!!